sábado, 22 de agosto de 2015



De mesa de bar e de economia
Tomislav R. Femenick – Contador, economista e historiador, com extensão em sociologia.


Não sei bem, acho que foi no antigo restaurante Umuarama, lá em Mossoró. O que está registrado na minha memória são só alguns lampejos e o que ainda lembro é que tudo se passou em uma mesa de bar. Seria um sábado ou domingo de manhã. Lá estavam três médicos: César de Alencar, Vicente Moraes e Alcimar Torquato. Eu estava chegando e me dirigia a outra mesa onde estavam Jaime Hipólito e Helder Eronildes. Todos já tinham tomado a “entradeira” de cerveja. Só eu estava atrasado para esse doce mister. Ao mesmo tempo em que as pessoas de cada mesa conversavam entre si, paralelamente ocorria uma conversa entre os grupos das duas mesas. Todos estavam apenas “jogando conversa fora”. Aí o Dr. Alcimar me viu chegando e jogou a pergunta para o meu lado: “O que é que dá valor às coisas? O que é que faz uma cerveja valer tanto, um whisky quanto e uma operação outra quantia?” Nem eu nem ninguém soube esclarecer satisfatoriamente a dúvida.
Foi uma pergunta ocasional, um ato corriqueiro, uma conversa de mesa de bar. Mas foi a despretensiosa pergunta do meu amigo Alcimar Torquato que me jogou nos braços das Ciências Econômicas. Passei alguns meses escarcavelando meus livros, as bibliotecas de Rafael Negreiros, de Canindé Queiros, de Lídio Luciano de Góis e todas as outras que via pela frente, devorando tudo que tivesse algo sobre as varias teorias do valor. Foi o meu período que Rafael Negreiros denominou de “furou valorizante” e Padre Sátiro Dantas de “ex taberna valor”, em um latim propositadamente macarrônico.
Mas, conhecer as teorias não me contentou, pois essas continham premissas científicas que eu desconhecia. Então tive que ir atrás dos seus significados. E nesse afã, nessa busca, entrei de cabeça. Estudei ciências econômicas e fiz especialização na Fundação Getúlio Vargas e mestrado na PUC, ambas de São Paulo. Lá tive como mestres nomes de peso como Paul Singer, Francisco de Oliveira, os ex-ministros Guido Mantega, Walter Barelli e Bresser Pereira, os professores André Franco Montoro Filho, Ademar Sato, Geraldo Muller, Armando Barros de Castro, Eduardo Suplicy e tantos outros. Nas extensões de Sociologia e História, tive como orientadores Octávio Ianni e Fernando Novaes, ambos também versados em economia.
Não menos importante é a lista de colegas ilustres com quem convivi. Antonio Corrêa de Lacerda, ex-presidente do Conselho Federal de Economia, Odilon Guedes Pinto Junior, vereador e ex-subprefeito na capital paulista, Fauzi Tímaco Jorge, consultor de empresas e educador, Roque Cifú Neto, Sebastião Alves Barreto e uma série de outros nomes. Para não fazer feio perante meus ilustres colegas, até já escrevinhei algumas monografias e livros sobre a matéria. Um deles, “Para aprender economia”, já está na 6ª reimpressão da 2ª edição – a primeira teve 5 reimpressões.
E por que hoje estou falando de economia? Simplesmente porque, com toda essa bagagem de estudo – e lá se vão quase cinquenta anos – sobre os vários aspectos das ciências economias, especialmente o monetarismo e as teorias de Alfredo Marshall e sua “equação de Cambridge”, Milton Freidan e sua polêmica visão da missão harmônica da moeda, Irving Fisher etc. não consigo entender a atual política de juros do Banco Central. Se nos Estados Unidos quando a economia diminui o ritmo de crescimento a taxa de juros diminui também, por que aqui, com as empresas devagar quase parando e com um desemprego em passo de corrida, os juros têm que permanecer em um patamar amoral, quase pornográfico? Não me venham com papo xenofóbico ou com ideologias ultrapassadas dizer que as autoridades econômicas brasileiras estão a serviço do FMI, do Banco Mundial e dos bancos internacional. Não. Isso é besteira. Na realidade eu acho que eles simplesmente optaram pelo caminho mais fácil e estão se poupando do “temível” esforço de pensar e não têm coragem para inovar, como Fernando Henrique Cardoso teve para implantar o Plano Real. Sim FHC, pois Itamar, a coisa louca das Alterosas, além de não entender nada de economia ainda medrou e quase foi pressionado a assinar a medida provisória que criou o novo meio circulante nacional. Somente com Real é que o Brasil voltou a ter uma moeda com suas funções básicas: meio de troca, medida de valor e reserva de valor. Não fosse o Real, a crise e o desemprego estariam bem maiores. Mas esse é assunto para outro artigo.
Voltando ao assunto inicial, quem disse que mesa de bar não é cultura?

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Especialista demonstra como espiões podem controlar celulares sem os donos saberem

  • Há 5 horas
BBC
Software que consegue gravar conversas sem que usuário saiba vazou na rede em julho
Técnicas secretas de agências de inteligência para espionar telefones celulares raramente vêm a público.
Mas uma empresa de segurança britânica mostrou à BBC como funciona uma ferramenta vendida a governos de todo o mundo e que vazou recentemente na internet por obra de hackers.
Ela permite que espiões tirem fotos secretas com a câmera de um telefone e gravem conversas com microfones sem que o dono do telefone saiba.
O software, feito pela empresa italiana Hacking Team, foi roubado dela por hackers e publicado na internet.
Praticamente qualquer dado em um telefone, tablet ou computador pode ser acessado pela ferramenta.

Teste

Quando Joe Greenwood, da empresa de segurança 4Armed, viu que o código fonte do programa havia sido colocado na internet por hackers, decidiu testar a ferramenta.
Não foi fácil fazer o código funcionar, mas em menos de um dia o programa já estava rodando.
BBC
Programa também permite tirar fotos sem que dono do celular tenha conhecimento
O software consiste em um console de vigilância, que mostra dados retirados de um aparelho hackeado, e de um malware plantado no próprio aparelho que é alvo do 'grampo'.
A 4Armed destacou que, apesar de o software estar agora disponível na internet, usar a ferramenta para espionar alguém é contra a lei. A demonstração que a empresa fez para a BBC foi feita com o consentimento da pessoa que teve seu telefone hackeado.

Ouvindo isso

Após testar o software em seu computador, Greenwood logo percebeu sua inúmeras possibilidades.
"Você pode fazer download de arquivos, gravar áudios de microfones, imagens de webcam, ver sites visitados e quais programas estão sendo usando e interceptar chamadas do Skype", disse ele.
O software tem até alguns atributos que permitem monitorar pagamentos por bitcoins, mas pode ser difícil associar os pagamentos a um indivíduo sem dados adicionais sobre quando e como as transações foram feitas.
Em uma demonstração ao vivo do sistema, Greenwood mostrou como um telefone infectado com o software poderia gravar áudio do microfone mesmo quando o aparelho está bloqueado e usar a câmera sem que o dono saiba.
"Podemos tirar fotos sem que eles saibam. A câmera de trás fica rodando, tirando fotos de alguns em alguns segundos", explica Greenwood.
Também foi possível ouvir ligações, acessar a lista de contatos e monitorar os sites que o usuário visitou.
Tanto Greenwood como o diretor técnico da 4Armed, Marc Wickenden, disse que estavam surpresos pela simplicidade da interface.
Mas os dois apontam que clientes poderiam estar pagando até 1 milhão de libras (cerca de R$ 5,4 milhões) pelo software e seria de se esperar que ele tivesse uma interface prática, principalmente se a ideia fosse ele ser usado por agentes de segurança durante uma investigação.
Para o usuário que está sendo rastreado, porém, há poucas maneiras de notar que está sob vigilância.
Um sinal de perigo, segundo Greenwood, é um aumento súbito no uso de dados de rede, indicando que informações estão sendo enviadas para algum lugar no plano de fundo do aparelho. Espiões com experiência, no entanto, seriam cuidadosos para minimizar isso e permanecer incógnitos.
Sofwares espiões como estes só costumam ser usados com telefones e computadores que estejam sendo alvo de um agência de inteligência. Segundo Greenwoog, antes de ele vazar, não havia motivos para que pessoas que não eram suspeitas de crimes fossem espionadas.

Pegador de espiões

Mesmo assim, a partir de agora, há mais chances de a versão do spyware distribuída online ser detectada por programas antivírus, porque empresas estão analisando o código fonte que vazou e devem adaptar seus sistemas para reconhecê-lo.
O especialista em segurança Graham Cluley disse que será tão fácil detectá-lo como qualquer outro malware.
"O perigo é que hackers maliciosos peguem o código e o aumentem, ou mudem, para que não se pareça mais com a versão do Hacking Team, o que pode evitar sejam detectados", diz.
A melhor coisa a fazer, segundo Cluley, é manter os sistemas operacionais e os softwares o mais atualizados possível.
Em um comunicado, o porta-voz da Hacking Team disse que está aconselhando seus clientes a não usar o software depois que a falha de segurança foi descoberta e o código fonte vazou.
"Assim que o evento foi descoberto, a Hacking Team imediatamente aconselhou seus clientes a descontinuar o uso daquela versão do software, e a empresa forneceu um caminho para assegurar que os dados de vigilância de clientes e outras informações guardadas no sistema dos clientes ficassem seguras."