Corruptos com falência decretada não deixam de levar vida milionária
Para reforçar o comentário do
Jornal do Brasil
deste sábado, com referência a corruptos e corruptores que roubam e
vivem às custas da pobreza do povo brasileiro, está estampado hoje na
coluna de Ancelmo Gois, no jornal O Globo, mais um exemplo desse
descalabro. Luís Octávio Índio da Costa, do Banco Cruzeiro do Sul, cuja
falência foi decretada pelo Banco Central em agosto, hoje mora num
apartamento próprio em Nova York, com vista para o Central Park.
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Lava Jato, a corrupção e a possibilidade de uma convulsão social
Nesse
prédio, um apartamento não pode custar menos que US$ 50 milhões (R$ 200
milhões), o condomínio beira os US$ 20 mil (R$ 80 mil), e o imposto
predial deve chegar a US$ 100 mil (R$ 400 mil).
Em 1999, tivemos o
caso do Banco Marka, do italiano Salvatore Cacciola. A instituição
quebrou devido a prejuízos causados por operações de câmbio. O Banco
Central socorreu o Marka alegando que sua quebra provocaria uma crise
sistêmica no mercado. Isso causou um rombo de R$ 1,5 bilhão nos cofres
públicos. Cacciola foi condenado a 13 anos de prisão por gestão
fraudulenta e desvio de dinheiro público. Foi preso provisoriamente,
conseguiu habeas corpus em 2000, e fugiu para a Itália. Foi condenado à
revelia em 2005, mas só foi preso em 2007, de férias em Mônaco. Ficou
preso em Bangu (RJ) desde julho de 2008, até receber liberdade
condicional.
No mesmo ano, os problemas do FonteCindam vieram à
tona após a maxidesvalorização do real. O banco também foi socorrido
pelo BC. Em agosto deste ano, o TCU determinou a restituição de R$ 3,7
bilhões aos cofres públicos.
Outro caso marcante é o do ex-dono do
Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, condenado a 21 anos de prisão por
crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, crime organizado
e formação de quadrilha. O Banco Santos sofreu intervenção do Banco
Central em novembro de 2004 e teve falência decretada em setembro de
2005. O banco deixou um rombo de R$ 2,9 bilhões no sistema financeiro.
Em dezembro de 2006, Edemar Cid Ferreira foi condenado. Chegou a ser
preso por duas vezes por suspeita de ocultação de obras de arte
(mantidas em sua mansão no Morumbi, zona Oeste de São Paulo) e suposto
recebimento ilegal de valores bloqueados. Responde em liberdade
protegido por habeas corpus .
Mas, o mais grave e revoltante é o
caso do Banco Econômico. As fraudes vieram à tona em agosto de 1995,
quando o BC decretou intervenção na instituição. Na época, o Econômico,
tecnicamente quebrado, pegava empréstimos diários de R$ 1 bilhão para
fechar o caixa. No início de 1996, o BC apurou um rombo de R$ 7 bilhões,
causado principalmente por empréstimos irregulares a empresas
coligadas. Em valores atualizados, o rombo chega a quase R$ 16
bilhões. A intervenção no Econômico completa 20 anos e a punição do
ex-banqueiro Ângelo Calmon de Sá deve prescrever este mês.
Apesar
da dívida com o BC, cujos recursos poderiam estar sendo usados em
programas sociais, o controlador do Banco, Ângelo Calmon de Sá - até o
momento em liberdade - entrou na Justiça para contestar os valores
devidos e ainda tentar recuperar cerca de R$ 4 bilhões. O Banco Central,
por meio de sua Procuradoria Geral, conseguiu contestar todas as ações
apresentadas à Justiça pelo Econômico e evitou que fossem devolvidos ao
Banco R$ 14,6 bilhões.
Todos esses exemplos mostram que os
banqueiros que roubaram nunca deixaram de morar em casas maravilhosas,
com mais de 50 empregados; casas de campo; casas de inverno, na Suíça, e
de praia, nas Américas.