terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O que a inveja e a fofoca podem provocar.


O Papa Francisco, em recentemente pronunciamento, exortou os burocratas do Vaticano a  trabalharem mais e fofocarem  menos porque a fofoca é altamente deletéria e desagregadora, pois os objetivos dos fofoqueiros são múltiplos. O Papa Francisco, que  muitos já consideram um revolucionário e popular, capaz de transformar a Igreja Católica Romana numa igreja progressista. Mas o Papa se defrontou com um grande contingente de fofoqueiros no Vaticano, segundo a imprensa nacional e estrangeira. Dou por vista a rede de intrigas nos corredores dos milenares prédios e corredores de Roma, envolvendo sacerdotes e burocratas  que pululam o território livre da Santa Madre Igreja.

Para o caro leitor ter uma ideia do que pode ocorrer num ambiente coletivo, leia o trecho  de um artigo supimpa do procurador Miguel Josino Neto, que  transcrevo abaixo:

Invejas, fofocas e intrigas.

Miguel Josino Neto

(Extraído do Jornal de Hoje, Natal/RN, de 05.11.2008 – p.2).

 

"Dos sete pecados capitais, talvez a inveja seja o mais evidente no ambiente de trabalho. Inveja, etimologicamente, provém do latim “invidére” (que tem ou lança mau-olhado). Há inveja pra todo gosto. Às vezes, explícita, outras vezes às escondidas, a inveja habita o ambiente corporativo. È “cobra engolindo cobra”. Nas repartições públicas, dentro dos órgãos, secretarias, ministérios, em todos os poderes e em todos os níveis, na iniciativa privada, nas associações e entidades de classe, a inveja existe, invariavelmente, é deletéria, prejudicando não apenas o ambiente de trabalho, mas gerando prejuízos significativos às organizações e ao Poder Público.

A inveja costuma andar a solta pelos corredores, salas, ante-salas e banheiros dos ambientes de trabalho. Ela está por toda parte. Em geral é dissimulada e usualmente o invejoso é perigosíssimo, porque como o número de obtusos e medíocres é grande, ocorre uma reunião por osmose e as hordas dedicam sua energia a destilar veneno, rancor, frustração, mágoa e ressentimentos contra o(s) invejado(s). Inseguro, medroso, covarde, com baixa auto-estima, o invejoso é é malicioso, ruim, um ignorante que tem horror à inteligência e, em geral, tem algum tique nervoso ou usa chavões. È um infeliz, capaz de condenar um inocente e de inocentar um culpado.

Aliás, já há especialistas em detectar o chamado “invejoso organizacional”. Ignorante dos saberes das coisas e do saber de si mesmo, o invejoso organizacional não se reconhece como tal. Vive se fazendo de vítima, fazendo fofocas, criando embaraços, injuriando e difamando companheiros de trabalho, quando não inventando mentiras, com o objetivo de aniquilar o “colega” a qualquer preço. Há também o invejoso opressor, aquele que não admite nada como bom e bem feito, trocando meia dúzia por seis em qualquer trabalho que lhe chegue às mãos, só para dizer que sabe mais que o autor original. E há o invejoso procrastinador, verdadeira pedra no caminho da produtividade, se interpondo a tudo de bom que lhe chega às mãos, pela raiva de não ter sido o gerador da ideia, do projeto. Muitos perigosos são os invejosos neuróticos, que dão um tiro no pé, chegando a falirem a própria empresa por inveja dos sócios. A inveja dos fins também marca presença nesta seara, porque há os que invejam o reconhecimento de quem obtém bons resultados, seja por possuir a inteligência que gera ideias brilhantes ou por ser um trabalhador ferrenho que tira leite de pedra e é gente que faz.

A inveja, além do mal que causa ao invejoso infeliz e recalcado, é ruim para o invejado que, às vezes incomodado com a influência negativa, o “olho gordo”, não consegue produzir em paz, não se sente bem no trabalho, sente o ambiente ”carregado” e, conseqüentemente, não produz o que pode  com os conhecimentos e capacidades que possui. O invejado não consegue, às vezes, colocar seu talento a serviço da organização em razão dos maus fluidos do espaço profissional.

A inveja gera a fofoca e esta a intriga. A fofoca decorrente da inveja já abalou mercados, já derrubou chefes, já arruinou casamentos, já destruiu famílias”.

 

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