SEGUNDA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 2017
E AGORA, BRASIL? NÃO PASSARAM DOS LIMITES?
Por: Alcindo de Souza,
administrador de empresas, areia-branquense.
Por onde começar? Não é tarefa fácil olhar neste início de semana para o Brasil político, sem ser acometido por uma inevitável sensação de nojo para ser ameno com os poucos mas generosos leitores deste modesto e as vezes inquieto observador da cena política nacional e local.
Prometi e me esforço para honrar, que não serei pessimista, negativo, radical, injusto e/ou catastrófico no que me encorajei a escrever, de vez em quando, sobre a exagerada dinâmica da política brasileira. Outra preocupação é de permanecer distante, bem distante, da tentadora pretenção de ser dono da verdade. Mas calar simplesmente, também não dá, não é possível. Pois é inevitável lembrar do que tantas vezes já disseram, e no que acredito, que o perigo maior quase sempre não são os gritos e as ações dos maus, mas o silêncio e a omissão dos bons. Retórica à parte, é sabido que a passividade pura e simples é um campo fértil para a invasão absurda do inaceitável. Não resta nenhuma dúvida de que é disso mesmo que se trata.
Muita calma nessa hora, caríssimos! Mas diante do que vimos e ouvimos exaustivamente ao longo desses últimos dias, somos impulsionados ainda que isoladamente a refletir sobre a velha mas sempre atualizadíssima frase: “que país é esse”, minha gente? Acredito que nem o incrível poeta Renato Russo ao compor a revolucionária canção, imaginava que seria possível materializar-se suas intuições. Composta em 1987, foi naquele ano a música mais tocada no Brasil.
Após um angustiante conta-gotas a partir do início da Operação Lava Jato, somos agora involuntariamente servidos um cardápio “riquíssimo” de corrupção cujo alcance elimina as honrosas exceções. “Não há um político eleito no Brasil que não tenha caixa dois”, afirmou categoricamente o “tesoureiro-mor” do país, o bem sucedido empresário preso Marcelo Odebrecht, em depoimento transmitido para o mundo. Ele fala com a autoridade de quem negociou pessoalmente as “tenebrosas transações”. Há de merecer crédito, pelos indícios e provas apresentadas assim como pela verossimilhança entre o que disse e sobre quem disse.
E agora, Brasil? Não teriam suas Excelências, passado de todos os limites? O que fazer? É a pergunta que se impõe em meio a uma gravíssima crise econômica, gerada a partir da desorganização total do estado, cuja recuperação, se houver, levará alguns anos para se realizar.
A indignação, embora seja um valor humano legítimo, por sí só, não é suficiente. Em uma nação democrática – o Brasil vive uma Democracia – o povo tem, por óbvio, direitos e deveres previstos na Constituição cidadã de 1988, cuja lembrança nos remete ao saudoso Ulisses Guimarães. Os deveres cidadãos são compulsoriamente exigidos dos cidadãos todos os dias, e às vezes, de forma não muito justa. Já os direitos, esses lhe são negados para abastecer as inimagináveis negociatas ocorridas nas sombrias salas palacianas e empresariais Brasil afora.
Por onde começar. Esperar reformas sérias e justas a partir dos atuais congressistas é um exercício exagerado de inocência e otimismo. Suas Excelências estão mais preocupados na elevação do imoral Fundo Partidário de 380 milhões para algo em torno de 2 bilhões de reais já para 2018, e na aprovação da anistia geral e irrestrita ao Caixa 2, pasmem.
Então, o que fazer? Acreditar e esperar que o Poder Judiciário cumpra sua missão constitucional. Mas não apenas isso. Não é possível acreditar que haverá transformação para melhor do país, sem a participação efetiva dos brasileiros. Em outubro de 2018, seremos outra vez juízes nas cabines indevassáveis (será?) das urnas, onde podemos ainda – democraticamente -, decidir sobre quem nos representará. Não é tudo, mas certamente o primeiro passo para termos um Brasil sério, democrático e justo para os brasileiros. Nada diferente disso. Afinal, merecemos no mínimo, respeito!
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