segunda-feira, 2 de julho de 2012

A guerrilha de Catolé do Rocha, na visão do militante Ubiratan.


CATOLÉ DO ROCHA

23 de Outubro de 2009 Humberto Vital
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Tivemos no final dos anos sessenta as décadas mais férteis no tocante ao desempenho intelectual dos povos do chamado terceiro mundo, como também o desempenho revolucionário transformador que mudou por completo a mentalidade, visão crítica e corrupção social dos povos da América Latina, Ásia e África, forçando e criando condições subjetivas para a formação de uma sociedade mais justa e mais humanitária.
Toda juventude mundial se empenhou, lutou e se martirizou na busca da liberdade. Era a época das ditaduras que subjugavam os povos apoiados pelo imperialismo americano, cuja ação principal se materializava no sudeste asiático com a Guerra do Vietnã, um dos maiores crimes de guerra cometidos pelos americanos depois das bombas atômicas lançadas contra Hiroxima e Nagasaki.
Todos os movimentos de libertação política se direcionavam em, através dos exércitos populares de libertação, quebrar estes grilhões que sufocavam estes povos, tanto socialmente, economicamente e politicamente. Foram décadas de intensa movimentação cultural em que todas as áreas progressistas de cada povo eram direcionadas em adquirir conhecimento como forma de superar as imensas diferenças que separavam os países ricos e exploradores dos países pobres, como também mudar em definitivo as relações de trabalho que existem até hoje nas formas de produção, a exploração do homem pelo homem.
Da mesma forma como historicamente o feudalismo substitui o escravagismo, o socialismo através da força das revoluções populares onde temos e tivemos como referência a Revolução Cubana aqui na nuestra América cujo objetivo era libertar os povos do domínio americano e ao mesmo tempo eliminar para sempre a exploração do homem pelo homem, onde as riquezas de cada nação são concentradas nas mãos de poucos, tornando impossível que as camadas mais baixas da sociedade possam usufruir destas riquezas, gerando assim as desigualdades sociais existentes como: pobreza extrema, mortalidade infantil, violência cada vez mais exarcebada ao ponto de comprometer o futuro da juventude e o desenvolvimento de cada país.
Devemos ampliar as fontes de informações históricas sobre uma fase da vida política brasileira – os anos 60 – cujo dinamismo cultural e efervescência política tiveram repercussões profundas na mudança de comportamento até mesmo numa pequena cidade do interior paraibano: Catolé do Rocha.
Todos aqueles que vivenciaram a experiência tumultuada dos anos 60 contribuíram enormemente para a redemocratização do nosso país. Naquela época éramos felizes e sabíamos que éramos felizes. Mesmo assim, no processo da luta, muitos de nossos tombaram assassinados pelos órgãos da repressão.
No pó destes lutadores por um ideal comum estávamos nós, estudantes catoleenses organizados para a luta popular de resistência armada, inicialmente na trincheira do PCB* na ‘’Juventude Comunista’’, PCBR – Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, e logo depois já na prisão ingressamos na ALN, Aliança Libertadora Nacional.
Os estudantes Ubiratan Cortez Costa (foto), Ariosvaldo da Silva Diniz e Francisco Alves Dantas (cacheado) amargaram durante 12 longos meses, jogados e condenados pelo 2º Exército em Recife, por ousarem lutar pela Liberdade. Estamos orgulhosos pelo ideal e missão cumprida e orgulhosos de elevar a chama da luz e evitar a escuridão.
Era uma vez... Nos anos 60, uma geração que amava os Beatles e os Rolling Stones, mas gostava igualmente da Bossa Nova e da música popular brasileira de protesto; que se encantava com a ‘’estética da fome’’ do cinema novo; protestava contra o ‘’imperialismo americano’’ em suas várias facetas, sobretudo na sua intervenção na Guerra do Vietnã; participava intensa e apaixonadamente dos acontecimentos culturais e políticos da época; aprendeu com o exemplo dos fellahs (guerrilheiros argelinos) e com os camponeses e guerrilheiros cubanos que a violência tinha um efeito transformador e libertador: e que era eficiente.
Essa geração como observou Hannah Arendt, tinha em termos psicológicos uma espantosa coragem e vontade de agir e de uma confiança não menos espantosa nas possibilidades de uma mudança. E, por isso desempenhou papéis ricos e contraditórios: heróis trágicos do destino, românticos em busca do absoluto moral, cruzados da justiça e da liberdade. Essa geração – igual a Prometeu em sua rebeldia contra os deuses – ousou tornar tomar os céus de assalto. Seu nome em Catolé do Rocha? – Geração Capim-Açu. 
* - Partido Comunista Brasileiro. 
Por: Ubiratan Cortez Costa - Catolé  do Rocha - PB
Dom Vital 
Tu és a chama que ilumina e fecunda
As mortes dos jovens catoleenses
Abraças a todos que a ti chegam
Num esforço inaudito aclamas a cultura
O conhecimento em tuas salas é rotina
Nos tempos negros da supressão das idéias
Fostes trincheira da resistência estudantil popular
O exemplo maior em toda Nação o nosso grito
Contra a obscuridade, a união do Povo se fez
Na luta desigual contra os generais do mal
Que buscavam, junto com o império do norte
Colocar grilhões nos povos Latinos
Ásia e oriente unidos na época
Em que falar lutar e pensar significavam libertação
Jogamos por terra o ideal opressor
Hoje somos livres, pensamos, criamos e amamos
Porque no Colégio que ensina para a vida
Aprendemos a Lição da Liberdade.

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