O uso de antibióticos e suas conseqüências.
Texto de Paulo Tarciíio Neto.
Causou grande polêmica a decisão do Ministério da Saúde em proibir a venda livre de antibióticos nas farmácias. Dando a “César o que é de César”, deve-se reconhecer a vitória do governo federal tanto contra a indústria farmacêutica, que certamente teve seus lucros muito reduzidos com a medida, contra o vício de nossa população de automedicar-se indiscriminadamente.
O estopim para a mudança, lembremos, foi o surgimento de uma cepa de bactérias do gênero Klebisiella sp. com grande resistência aos antibióticos correntes. Mas por que não podemos tomar livremente antibióticos? Essa é a pergunta que será respondida nesse curto artigo.
As bactérias não são más: quando controladas com “rédea curta” são nossas grandes aliadas. Elas habitam nosso corpo, em verdade, numa proporção fantástica: existem 10 vezes mais bactérias do que células humanas no corpo humano. Assustador, não? O que permite que elas permaneçam “sob controle” é nosso sistema de defesa, um potente exército com diversos mecanismos de contenção desses pequenos seres que, assim controlados, nos fazem um grande bem.
O problema do uso equivocado de antibióticos, seja em subdoses, seja por um tempo mais curto que o determinado pelo médico é que quando uma bactéria não é morta pela medicação ela pode aprender a combatê-la e tornar-se resistente a ela, de modo que se sinto uma dor de garganta, vou na farmácia e tomo dois comprimidos de amoxicilia (dose que não serve para nada), a única coisa que faço é ensinar àquelas bactérias que moram no meu corpo a “destruir” a amoxicilia. Deste modo, quando eu realmente precisar desse antibiótico, pode acontecer de ele ser ineficaz contra minha infecção.
O mesmo efeito ocorre quando meu médico me orienta a tomar a medicação por 7 dias, mas, como eu já “me sinto melhor” no 3º, suspendo seu uso. Ai, aquele inimigo que parecia “morto” na verdade só estava moribundo e na próxima infecção que ele aparecer, possivelmente será ainda mais forte do que antes.
Ouve-se por ai que ainda existem farmácias que vendem antibióticos sem receita. Para o seu bem e o bem daqueles que lhe cercam, não os compre, não os utilize sem a orientação de seu médico. Do mesmo modo, nenhum médico quer que o paciente sofra tomando doses desnecessárias de antibióticos e se ele disse que é pra tomar 3 vezes ao dia por 10 dias, confie no seu médico. Ele certamente sabe o que faz.
Paulo Tarcisio Neto é doutorando em medicina.
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Postado por AssessoRN - Jornalista Bosco Araújo no
AssessoRN em 7/15/2012 08:28:00 AM
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