segunda-feira, 5 de maio de 2014

Grávidas do interior sobrecarregam maternidades da capital e de Campina Grande.

5/05/2014 07h09 - Atualizado em 05/05/2014 07h27

Na PB, grávidas migram para ter filhos em João Pessoa e Campina Grande

53% dos partos em maternidades da capital são de moradoras do interior.
Muitos municípios da PB não têm maternidades nem estrutura para partos.

Wagner Lima Do G1 PB
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Instituto Cândida Vargas (Foto: Kleide Teixeira/G1)Instituto Cândida Vargas é o hospital referência para
partos em João Pessoa (Foto: Kleide Teixeira/G1)
As duas maiores cidades da Paraíba concentram boa parte dos partos de todo o estado. As maternidades públicas de referência no atendimento em João Pessoa e Campina Grande, o Instituto Cândida Vargas (ICV) e o Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), respectivamente, fazem mais partos de grávidas vindas de outros municípios do que de sua própria cidade. A falta de uma rede de obstetrícia no estado seria ainda, na avaliação do diretor clínico do ICV Juarez Alves, o principal fator desencadeador do aumento de partos cesarianos no instituto.
Mais de 53% dos 700 partos mensais realizados pela Maternidade do Cândida Vargas ficam por conta dos encaminhamentos feitos por outros municípios paraibanos à capital. E na prática essa demanda acarreta o aumento de cesarianas, segundo Juarez Alves. O considerado ideal por ele é que sejam realizadas apenas 35% de cirurgias cesarianas, principalmente, as que representam riscos à vida da gestante e do bebê.
Juarez Amaral (Foto: Kleide Teixeira/G1)"Por falta de uma rede obstetrícia, há um grande
número de cesarianas", garante o diretor do ICV
(Foto: Kleide Teixeira/G1)
A maternidade tem programas de referência como o das mães cangurus, onde os bebês prematuros ficam presos às mães por algumas semanas para manter o contato direto com elas e se desenvolverem melhor.
A alternativa para reduzir a quantidade de cirurgias cesarianas seria a implantação de uma rede com hospitais. “Deveria ter uma rede obstetrícia em cada cidade polo no estado. Para se ter ideia, em apenas um dia, de Itabaiana nós recebemos dez grávidas e oito tiveram que fazer cesariana”, afirmou.
Por mês, a unidade realiza 1.100 atendimentos, 6 mil atendimentos de emergência e de 650 a 700 partos. Apenas 47% desses partos são realizados em grávidas de João Pessoa. As demais que somam os 53% são originárias das várias regiões do estado. Juarez Alves reforça que na Grande João Pessoa só as cidades de Santa Rita e Cabedelo mantém estruturas para atender grávidas e realizar partos.
Projeto das "mães canguru" são referência no tratamento de bebês prematuros (Foto: Francisco França/G1)Projeto das 'mães canguru' são referência no tratamento de bebês prematuros
(Foto: Francisco França/G1)
A mesma realidade identificada em vários municípios do interior paraibano se identifica na região metropolitana de João Pessoa. Nas cidades que compõe o Litoral Sul, a divisa com o estado de Pernambuco e o Litoral Norte não há maternidades, segundo o diretor do Cândida Vargas. “Em alguns casos, nessas cidades o ar condicionado não está funcionando ou falta anestesista, por exemplo, e há a indicação de cesariana. Então, essas pacientes são trazidas até a Cândida Vargas”, frisou.
No Isea
Campina Grande é a principal referência para a realização de partos no interior do estado e chega a receber também pacientes do interior de estados vizinhos, como Pernambuco e Rio Grande do Norte. Em média, por dia, o Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea) realiza 480 partos e 14.400 por mês. Mais de 73% desses procedeimentos realizados são feitos em pacientes  encaminhadas por outros municípios. Na principal unidade de referência da região do Agreste e Sertão paraibanos, a média de partos cesarianos chega a 39%. Para este ano, segundo a diretora geral da unidade de saúde, Marta Albuquerque, foi pactuada uma redução de até 5%.
Isea, em Campina Grande, é referência em atendimentos de alta complexidade (Foto: Nicolau de Castro/G1 PB)O Isea é referência para atendimentos de alta complexidade (Foto: Nicolau de Castro/G1)
Marta Albuquerque enfatizou que a média considerada ideal pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é a de 15%, no entanto, a projeção para Campina Grande, devido ao atendimento às gestantes de alto risco, é de que as cesáreas correspondam aos 30% do total de partos. O Instituto de Saúde Elpídio de Almeida disponibiliza 155 leitos entre obstetrícia e neonatal.
A realização do pré-natal é a única forma de atenuar maiores problemas para a saúde das grávidas que podem repercutir no parto, conforme explicou Marta Albuquerque. Por isso, é preciso que além de pactuações, os municípios garantam a realização do atendimento das grávidas no pré-natal de forma eficiente com a realização de exames simples até os complexos.
Marta Albuquerque, diretora geral do Isea (Foto: Nelsina Vitorino/G1)Marta Albuquerque diz que é preciso que municípios
ofereçam pré-natal de qualidade para suas grávidas
(Foto: Nelsina Vitorino/G1)
“É preciso que os municípios ofereçam um pré-natal de qualidade para as grávidas que serão encaminhadas para as unidades de referência, responsáveis por partos de alto risco. É preciso que as grávidas tenham acesso mais rápido, inclusive, à cultura de urina”, frisou.
Diante da cobrança do Ministério Público da Paraíba (MPPB), devido aos números considerados preocupantes, a Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande realizou em março deste ano uma capacitação sobre pré-natal de risco habitual com os profissionais que atual na atenção básica da saúde.
Uma outra capacitação com base no pré-natal de alto risco está agendada para o mês de maio. A titular da pasta, Lúcia Derks, enfatizou que a realização de capacitações e sensibilização dos profissionais de saúde nos outros municípios será um fator determinante para reverter o quadro de mortalidade neonatal na cidade.
Fonte: G 1 - Globo Natal/RN

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