por
Wagner Brenner
Simo
Häyhä era um pacato fazendeiro e vivia lá na
gelada Finlândia, sossegado em seu canto. Até que um belo dia, em 1939, a
União Soviética resolveu invadir seu país.
Inconformado, resolveu fazer alguma coisa por conta própria. As
invasões aconteciam pela floresta. Então pegou seu velho fuzil, enfiou um monte
de comida enlatada na mochila e se plantou sozinho no alto de uma árvore, onde
passava seus dias dando "pipoco" em russos.
Sem exército e encarando um terrivel frio que variava entre 20 e
40 graus negativos. Ninguém esperava um ataque naquelas condições. Mas
começaram a aparecer, do nada, uns furinhos no meio da testa dos
soldados, que iam caindo um por um.
A história se espalhou rapidamente e quando descobriram que
aquela chacina era obra de um único Atirador, o terror se instalou na tropa.
Chamavam o cara de “morte branca”, por causa da camuflagem. Missões inteiras
eram montadas. Forças-tarefa eram enviadas para o meio das árvores, mas ninguém
voltava. Häyhä matava pelotões inteiros. Derrubava um por um.
Você
consegue enxergar o Häyhä nessa foto? Pois é...
Depois tentaram de longe, usando contra-snipers. Foram todos
mortos. Ninguém conseguia pegá-lo. Usava técnicas aprendidas na prática para
ficar invisível, como miras comuns sem lentes para não refletir o sol, neve na
boca para não expor sua respiração, apertava a neve a sua frente para que os
tiros não “soprassem”, etc.
A contabilidade de Simo Häyhä depois de 100 dias enfiado na
floresta comendo sardinha enlatada, era a seguinte: 443 mortos com o fuzil,
mais uns 150 mortos com sua metralhadora de mão. Oficialmente foram 505
mortes creditadas a ele, só nesse periodo. Nessa altura não havia mais ninguém
para enfrentar Simo Häyhä.
Com o placar marcando 500 x 0, ninguém mais tinha coragem de
fazer nada. Era, simplesmente, suicídio.
Aquilo foi indignação e vergonha demais para o exército russo,
que resolveu bombardear a área só para matar um único soldado inimigo!
Mas, mesmo embaixo de uma chuva de bombas e ferido, Häyhä conseguiu escapar.
Até que no dia 6 de março de 1940, já cansado, Häyhä foi finalmente atingido
por uma bala explosiva que arrancou metade do seu rosto. Era o fim do “morte
branca”.
Porém, depois de uma semana, em 13 de março de 1940, exatamente
no dia em que a guerra entre os dois países acabou, Simo Häyhä recobrou sua
consciência.
Foram anos até conseguir se recuperar, mas sua mandíbula foi
refeita e Häyhä acabou voltando a sua vida pacata, como um grande Caçador de
alces e criador de cães.
Em 1998, em uma entrevista, perguntaram como ele conseguiu se
tornar um Atirador tão extraordinário. Respondeu com uma palavra: “Praticando”.
Quando perguntado se havia algum arrependimento por ter matado tantas pessoas,
respondeu: “fiz o que precisava ser feito, da melhor maneira possível”. Preciso
também com as palavras.
Simo Häyhä é considerado o maior e mais eficiente
franco-atirador de todos os tempos. Passou seus últimos anos morando numa
pequena vila. Claro, bem na fronteira com a Rússia.
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