segunda-feira, 25 de julho de 2011

O parelhense amigo de Zequinha.

Zequinha Marcolino, bancário aposentado, parelhense devoto de São Sebastião, padroeiro de Parelhas/RN, morador do bairro de Candelária, em Natal, foi quem me deu as primeiras informações sobre o escritor potiguar. Esta matéria já foi publicada em jornais de Natal. Mas considerei oportuno publicar neste blog. Qual é o gancho desta publicação? Nenhum. Ainda não conheço a capital de Goiás, mas estou bem pertinho. Estou refletindo sobre  a possibilidade de dar um pulinho em Goiania, analisando os prós e contras, do tempo que passa ligeiro, etc. Na verdade, eu nunca vi Jorge de Senna. Ouvi a sua voz uma vez. Foi um telefonema dele e convidando para um encontro em Parelhas, em janeiro passado. Eu não fui porque ele não estava mais lá. Mas isso é outra história...


Jorge de Senna: um
Escritor esquecido no RN (1)
Luiz Gonzaga Cortez.

Foi através de Zequinha Marcolino, bancário aposentado, companheiro de caminhadas, que tomei conhecimento de Jorge Rodrigues de Senna, potiguar de Parelhas, um dos nossos escritores que não estão enfocados nas antologias da literatura do Rio Grande do Norte. Pois é, o octogenário Jorge R. de Senna, um misto de contador aposentado, escritor e jornalista, autor de cinco livros de contos, crônicas e artigos, é integrante da Academia  de Letras  Goiás, Estado onde reside há mais de 50 anos, mas sempre vem à sua terra natal para participar dos festejos religiosos do Padroeiro  da cidade de Parelhas, São Sebastião.
Jorge de Senna foi descoberto e incentivado por um dos grandes escritores goianos, Brasigóis Felício, autor do prefácio do seu primeiro livro, “Depois do Expediente” (1994), através do qual, em 2009, me embeveci com os seus contos e relatos da vida cotidiana de Goiás e da política coronelista potiguar nos anos 40/50 do século passado, além dos “causos”, dos fatos tragicômicos e dramáticos. Há relatos verídicos que servirão de subsídios aos pesquisadores acadêmicos da área de ciências sociais, apesar dos seus personagens terem suas identidades referidas por pseudônimos,como os envolvidos nas tramas e crimes da baixa política potiguar da antiga UDN e PSD.
Na sua primeira incursão literária, Jorge de Senna homenageia  seus pais, esposa, Marlaine, e filhos, através de textos que asseguram “ser um arguto observador da alma humana, no que tem, o bípede pensante, de ridículo e imponente, divino e demoníaco”. E prossegue Brasigóis: “Li este livro de um fôlego só, reforçando minha convicção: a que, para se fazer literatura, há que se ter, como matéria prima primordial, boa linguagem, capacidade narrativa, (em que se equilibram, artisticamente, a opulência e a síntese)—além, é claro, do senso de humor, quando se tratar de cenas pícaras, ou anedóticas, e visão do trágico, quando o drama ensombrecer de medo e de angústia, as ações humanas. E isso este Autor potiguar tem, senão se sobra, mas, ao menos, o suficiente para prender o leitor. Que mais se pode exigir, de alguém que se dedique ao ofício de escrever? Não há, nas estórias de Jorge de Senna, as filigranas e os laboratórios herméticos, em que nadam, de braçada, certas  barulhentas e estéreis vanguardas. Seus recursos narrativos são os tradicionais, sendo suas estórias estruturadas pelo velho e bom começo, meio e fim, sem que seja, por isso, previsíveis e insossas. Bem ao contrário, seus contos têm tônus, tensão dramática e riqueza conteudística, como é exemplo a peça “O Boca de Praga”, onde se lê a pérfida ou inocente ironia que viceja nas repartições públicas transformou um Malaquias Souza Vale em Malaquias Sem Valor, só pelo fato do alcunhado, para economizar tempo ou tinta, grafar seu nome como “Malaquias S/V”....”. Há figuras denominadas Zidorão, Cabo Jacinto, Brejuí, Zé Mocó, Zitinha, Ana Medalha,Carival, Orontes, Pedro Bonzo, Abílio Pé de Cana, Aninha Sem Tripa, Cicero Suruba,  Talarico Bezerra, Leite Filho, etc., mas vou parar por aqui porque isso é outra história.
Luiz Gonzaga Cortez é jornalista e pesquisador.

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