domingo, 3 de junho de 2012



Política paraibana envenena relações do PT com Vital do Rêgo, o presidente da CPI do Cachoeira 

O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) recebe do PT um tratamento contraditório. Em Brasília, é adulado. Na Paraíba, é maltratado. A dicotomia começa a interferir na condução dos trabalhos da CPI do Cachoeira, presidida por Vital.

Veneziano Vital do Rêgo, irmão do senador, é prefeito de Campina Grande, um dos mais importantes municípios paraibanos. No exercício de seu segundo mandato, governou a cidade por oito anos com o apoio do PT.
Impedido pela lei de concorrer à prefeitura novamente em 2012, Veneziano aparelha-se para disputar o governo da Paraíba em 2014. Seu primeiro desafio é manter Campina Grande sob o controle de mãos amigas.
Com o apoio de Vital, Veneziano lançou a candidatura de sua secretária de Saúde, Tatiana Medeiros. Dava-se de barato que o PT se associaria ao projeto. Para desassossego dos irmãos, o petismo paraibano roeu a corda.
Em vez de apoiar Tatiana, o PT ensaia em Campina Grande uma coligação com a deputada estadual Daniela Ribeiro, candidata do PP. Vem a ser irmã do ministro das Cidades de Dilma Rousseff, Aguinaldo Ribeiro.
Os irmãos Vital não se conformam com o abandono do PT. O prefeito queixa-se de traição. O senador esforça-se para deter os silvérios. Já levou o assunto a Lula e à ministra petê Ideli Salvatti, coordenadora política do Planalto. E nada.
Na última quarta-feira (30), Vital do Rêgo adotou na CPI um comportamento que fez acender a luz amarela no painel de controle do PT federal. Numa sessão politicamente radioativa, o senador retirou-se da presidência.
No instante em que iriam a voto os requerimentos de convocação dos governadores Marconi Perillo (GO), Agnelo Queiroz (DF) e Sérgio Cabral (RJ), Vital entregou o comando da sessão a Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente da CPI. E sumiu.
Em combinação com o relator Odair Cunha (MG), petista como ele, Teixeira tentou executar uma manobra. Sugeriu que fosse votado um pedido de “sobrestamento” da convocatória dos governadores.
Ouviram-se protestos generalizados. Inquieto, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) foi ao microfone: “Onde está o senador Vital do Rêgo?” Perguntou uma, duas, três vezes. E nada de Vital. Puxa daqui, estica dali Teixeira desistiu da manobra protelatória.
Votados os requerimentos, aprovaram-se duas convocações: a do tucano Perillo e, para desassossego do PT, também a do petista Agnelo. Só o pemedebê Cabral foi poupado.
Vital retornou à CPI no instante em que Teixeira recolhia os votos para a convocação de Agnelo. Chamado a votar, o senador disse “sim”. Por um instante, houve surpresa, espanto, estupefação. E Vital apressou-se em corrigir o voto: “Não”. Ah, bom!
Mas, afinal, onde estava Vital do Rêgo? A sessão foi encerrada sem que Onyx Lorenzoni obtivesse uma resposta. Um pedaço do petismo suspeita que o presidente da CPI estava mergulhado em seus rancores. Ruminava os dissabores da Paraíba enquanto Agnelo era afogado na CPI.
Na sexta (1o), Vital foi ao estaleiro. Submeteu-se a um cateterismo no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Um boletim médico informou que as veias do coração do senador encontram-se “dentro da normalidade”. Receitou-se ao presidente da CPI um descanso de cinco dias. No sábado (2), Vital voou para Campina Grande. Foi repousar na cidade em que o PT o maltrata.
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